Após uma década de resistência, os reguladores norte-americanos, representados pela U.S. Securities and Exchange Commission (SEC), abriram caminho para uma nova era no mercado de criptomoedas.

Em um avanço significativo, nesta quarta-feira (10/01), a SEC aprovou a listagem dos primeiros ETFs de Bitcoin Spot (mercado à vista), com as negociações previstas para começar já no dia seguinte.

Até então, todas as solicitações para ETFs de Bitcoin haviam sido rejeitadas pela SEC. A mudança de postura ocorreu após a BlackRock, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, apresentar sua proposta, desencadeando uma série de pedidos de empresas concorrentes.

Esta decisão promete revitalizar o mercado de criptoativos, atualmente avaliado em US$ 1,7 trilhão. Além disso, ela irá abrir portas para a criação de mais instrumentos financeiros baseados em Bitcoin e atrair mais investidores para o setor.

Gestoras de ETFs de Bitcoin que foram aprovadas

A recente decisão da SEC dos Estados Unidos abre caminho para que grandes grupos financeiros norte-americanos comecem a adquirir e oferecer aos seus clientes ETFs de Bitcoin e outros instrumentos financeiros baseados nesta criptomoeda.

A SEC, exigindo mecanismos de proteção aos investidores, autorizou grupos como Blackrock, Invesco, Fidelity e Valkyrie a comercializarem livremente ETFs de BTC.

Esta aprovação é um marco no mercado financeiro global, pois é esperado que mais corretoras reguladas e instituições financeiras busquem as mesmas oportunidades com Bitcoin.

Com a previsão de entrada de centenas de milhões de dólares no mercado de criptos, novos players de alta renda estão ansiosos para se juntar à “festa” da BlackRock e lançar seus próprios produtos cripto.

Primeira solicitação e concorrência de taxas

Vale lembrar que o primeiro ETF de Bitcoin, proposto em 2013 por Tyler e Cameron Winklevoss, só agora em 2024 conseguiu aprovação para operar.

Paralelamente, emissores estão engajados em uma acirrada competição de taxas de administração para atrair investidores, com algumas delas chegando a zero.

A BlackRock, por exemplo, estabeleceu uma taxa de 0,12%, uma abordagem agressiva para superar a concorrência, segundo o analista de ETFs da Bloomberg, Eric Balchunas.

A expectativa pela autorização dos ETFs impulsionou significativamente o Bitcoin no último ano, com a moeda digital valorizando mais de 160%.

Após o anúncio, houve uma queda no preço para US$ 45.500, de acordo com o CoinMarketCap. Há uma expectativa no mercado de que, com esta aprovação dos ETFs, o Bitcoin possa alcançar US$ 50 mil ainda em janeiro. Possivelmente, ele também poderia ultrapassar seu recorde histórico de US$ 69 mil ao longo do ano.

Apesar de aprovação dos ETFs de Bitcoin, SEC faz alerta a investidores

Evidentementem a SEC aceitou a ideia de instituições financeiras criarem portfólios de capital com exposição a criptomoedas. Como resultado, isto permite que seus clientes comprem participações nesses portfólios e se exponham aos mercados de criptomoedas de maneira regulamentada.

No entanto, a SEC expressou cautela em relação a esses instrumentos. Segundo Gary Gensler, diretor da SEC, embora a agência tenha aprovado a listagem e negociação de algumas participações de ETFs de Bitcoin, ela não aprova ou apoia o Bitcoin em si. Por fim, ele alerta os investidores sobre os riscos associados a Bitcoin e produtos vinculados a criptomoedas.

Essa abertura cautelosa da SEC em relação às criptomoedas gera expectativas no mercado. Agora, ele precisa demonstrar consolidação e crescimento sustentável para ganhar a confiança do setor financeiro tradicional. Sobretudo, a aprovação dos ETFs de Bitcoin pela SEC pode se tornar um marco significativo para o crescimento da indústria, caso o mercado consiga convencer o setor financeiro.

Argumentos que talvez tenham influenciado a decisão atual da SEC

Por uma década, a SEC levantou preocupações sobre a adoção de instrumentos de criptos, como os ETFs. Isto se deve principalmente à dificuldade das instituições financeiras em detectar fraudes e manipulações nesses mercados descentralizados, propensos a ilegalidades ou hacking.

Cathie Wood da Ark Investments tem sido uma grande defensora das criptomoedas, respondendo aos temores da SEC e apresentando documentação que mostra a alta correlação entre o trading spot (à vista) e os contratos de futuros negociados nas plataformas.

Foi essa demonstração que convenceu a SEC de que o dinheiro investido em futuros era um fator determinante na movimentação dos preços das criptomoedas em exchanges como Kraken e Coinbase.

Atualmente, sabe-se que a alta volatilidade do Bitcoin nos mercados é influenciada pelo volume significativo de negociações, frequentemente realizado por “baleias”.

Esses movimentos, às vezes vistos como manipulação, são uma prática comum de trading, presente também nos mercados de ações e Forex. O fato de ser mais explícito e volátil em criptomoedas não implica irregularidades, mas indica que traders com mais liquidez têm grande influência na direção dos preços das criptomoedas.

Pouco antes de aprovação oficial dos ETFs de Bitcoin, SEC havia sofrido um atacke hacker

Menos de um dia após a conta do Twitter da SEC anunciar a aprovação de ETFs de Bitcoin à vista, a comunidade cripto sofreu um misto de euforia e confusão até descobrir que se tratava de uma farsa.

A SEC alegou que sua conta no Twitter foi comprometida, fato posteriormente confirmado pela equipe de Segurança do Twitter.

O episódio provocou um terremoto no mercado de criptomoedas, afetando os preços do Bitcoin e do Ethereum em uma movimentação abrupta que eliminou US$ 50 milhões em derivativos.

O hackeamento levanta questões sobre a vulnerabilidade da indústria cripto à desinformação, além de preocupações com a segurança das contas de mídia social da SEC.

Conta foi acessada por número de telefone associado a ela

A conta oficial da SEC no Twitter, @SECGov, sofreu uma invasão quando uma parte desconhecida acessou um número de telefone associado à conta.

Foi evidente a intenção maliciosa do hacker, que aproveitou a oportunidade para anunciar falsamente a aprovação dos ETFs de Bitcoin, causando confusão e turbulência no mercado.

O tweet não autorizado afirmava que a SEC havia aprovado a listagem de ETFs de Bitcoin em bolsas de valores nacionais registradas, incluindo um gráfico com uma citação supostamente atribuída a Gary Gensler, presidente da SEC.

Impacto do ataque hacker no preço do Bitcoin e do mercado geral

O anúncio falso teve um impacto imediato no mercado de criptomoedas, com o preço do Bitcoin disparando para quase US$ 48.000 e, após a revelação da verdade, despencando quase 6% para US$ 45.100.

Essa montanha-russa de eventos eliminou mais de US$ 50 milhões em posições de trading com derivativos alavancados em apenas uma hora, conforme dados da CoinGlass.

O Ethereum também sofreu volatilidade, com traders inicialmente vendendo suas posições em reação à notícia falsa, mas recuperando-se à medida que a natureza da desinformação se tornou clara.

O incidente destacou a vulnerabilidade do mercado de criptomoedas a notícias repentinas e ressaltou a importância de verificar informações de fontes oficiais. Isto lembra um episódio envolvendo a a falsa notícia do Cointelegraph em novembro.

E agora, o que pode acontecer após a tão esperada aprovação de ETFs de Bitcoin?

Desde novembro de 2022, o Bitcoin tem apresentado uma sequência de ganhos significativos no mercado. Com o valor inicial próximo de US$ 16.000 por BTC, ele recentemente atingiu os US$ 46.500, representando um aumento de quase 200%.

Se esse crescimento ocorreu em pouco mais de um ano, os anos de 2024 e 2025 podem ser cruciais para o valor da primeira criptomoeda.

A aprovação da SEC para as negociações de ETFs de Bitcoin Spot trouxe uma nova confiança institucional ao mercado de criptomoedas, algo que não existia anteriormente. Isso deve contribuir para a sustentação dos preços nas exchanges e fomentar um novo ciclo de valorização, aproximando o BTC de suas máximas históricos.

Para 2024, espera-se que o Bitcoin alcance, no mínimo, o patamar de US$ 50.000. É importante destacar que 2024 será o ano do halving do BTC, tornando a criptomoeda mais rara e difícil de minerar, o que deve impulsionar organicamente os preços. Assim, é bastante viável que o BTC possa atingir os US$ 60.000 até o final de 2024, aproximando-se de suas máximas anteriores.

Bitcoin atingir US$ 100 mil não é mais um cenário fora da realidade

A expectativa dos investidores para 2024 é alta, com duas notícias excelentes já confirmadas para o BTC: a legalização dos ETFs de Bitcoin e o halving da primeira criptomoeda.

Com isso, assim que o BTC recuperar o patamar de US$ 60.000 por token, o próximo objetivo será ultrapassar a marca dos US$ 70.000. Se conseguir isso até 2025, impulsionado pela nova onda de capitalização e liquidez trazida pelos ETFs da Blackrock e outras instituições financeiras, o Bitcoin entrará em uma nova fase de crescimento.

Há uma crescente especulação sobre o BTC alcançar US$ 100.000 por token, um cenário que, embora ambicioso, não é irrealista. O ano de 2024 será decisivo, dependendo dos sinais positivos e do desempenho do Bitcoin, podendo ser um ano marcante para a recuperação da confiança no mercado de criptomoedas.

Qual vai ser a importância dos investidores institucionais e de varejo para o preço do Bitcoin?

A recente autorização da SEC para a negociação de ETFs de Bitcoin oferece aos investidores, tanto institucionais quanto de varejo, a chance de diversificar seus portfólios, eliminando preocupações com segurança e custódia.

Com isso, os novos investidores passam a contar com as medidas de segurança de conta e proteção de fundos oferecidas pelas corretoras reguladas, mesmo estando expostos ao Bitcoin.

Essa aprovação é um passo significativo para a indústria, que agora avança para uma nova fase de maturidade. Nela, os ETFs de Bitcoin podem ser adquiridos à vista como parte de ETFs e outros instrumentos financeiros.

Espera-se que, com isso, o mercado de criptomoedas ultrapasse a impressionante marca de US$ 2 trilhões em capitalização, um marco relevante para dissipar as incertezas geradas por Sam Bankman-Fried e pelo colapso da FTX, ocorrido em 2022.

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